segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Modelos de Ética nos Negócios

Existem três modelos de ética de tomada de decisões e que podem ser aplicadas nos negócios:

Modelo utilitário:

Este modelo tenta avaliar o efeito de determinadas decisões e comportamentos sobre os outros. O principal objectivo desta avaliação é o de proporcionar ao maior número possível de indivíduos um melhor bem-estar. Embora, por vezes, se prejudique uns para beneficiar outros, desde que os resultados positivos potenciais sejam superiores aos negativos, a decisão pode ser considerada boa e ética. O modelo utilitário é, desta forma, consistente com o estádio de contrato social identificado por Kholberg.

Este modelo prescreve alguns standards éticos, nomeadamente:

  • Objectivos organizacionais: os gestores devem tentar satisfazer as necessidades dos clientes, fornecedores, trabalhadores e accionistas, concentrando-se nos objectivos financeiros da organização.
  • Eficiência: os gestores e todos os restantes membros da organização devem tentar cumprir os objectivos organizacionais com a maior eficiência possível.
  • Conflitos de interesses: os gestores e todos os restantes membros da organização não devem seguir os interesses pessoais que possam entrar em conflito com o cumprimento dos objectivos organizacionais.

O modelo utilitário possui dois grandes ramos: o ramo do acto utilitarista, que dá especial ênfase às consequências de proprocionar o maior bem para o maior número, e o ramo da regra utilitarista, que consiste em seguir regras pré-definidas para obter o maior bem para o maior número.


Modelo de direitos morais:
O modelo de direitos morais faz a avaliação das decisões e comportamentos, pela sua compatibilidade com os direitos fundamentais tais como o direito à vida, liberdade, saúde e privacidade da pessoa e do grupo.
De acordo com este modelo, as decisões e os comportamentos devem respeitar 6 direitos morais, nomeadamente:
  • Vida e Segurança: os membros da organização, clientes e público em geral, têm o direito de não ter as suas vidas em perigo;
  • Transparência: os membros da organização, clientes e público em geral têm o direito de não serem intencionalmente enganados na informação que lhes é transmitida;
  • Privacidade: todos os cidadãos têm o direito de controlar o acesso e o uso da sua informação pessoal quer pelas organizações governamentais, quer pelos patrões e outros;
  • Liberdade de consciência: todos os cidadãos têm o direito de recusar a obediência a ordens que violam as suas crenças religiosas e morais;
  • Liberdade de Expressão: todos os membros da organização e outros têm o direito de criticarem ética ou legalmente as acções dos patrões. Naturalmente, este direito só tem validade se as críticas forem conscienciosas e verdadeiras, não violando os direitos dos outros dentro ou fora da organização.
  • Propriedade Privada: os sistemas legais da maioria dos países reconhecem o direito individual à propriedade privada.

Modelo da justiça:
O modelo da justiça faz a avaliação das decisões e comportamentos no sentido de verificar a igualdade na distribuição dos benifícios e dos custos entre indivíduos e grupos. É, por isso, consistente com o estádio de princípios universais de Kholberg.
Os conceitos de justiça, igualdade e imparcialidade são suportados pelos seguintes princípios:
  • Princípio da justiça distributiva: indica que os indivíduos não sejam tratados diferentemente com base em características definidas arbritariamente. Os indivíduos que são iguais em aspectos relevantes devem ser tratados igualmente, enquanto que os indivíduos que são diferentes em aspectos relevantes devem ser tratados na proporção das suas diferenças;
  • Princípio da justeza: indica que os funcionários devem aceitar as regras da organização sempre que se verifiquem as seguintes condições: a organização é justa e os funcionários aceitam voluntariamente os benefícios por esta oferecidos; os funcionários seguem as regras da organização, mesmo que estas possam restringir as suas escolhas individuais;
  • Princípio do dever: as decisões e os comportamentos são baseados numa variedade de obrigações universais tais como não injuriar os outros e não causar sofrimento desnecessário.


Os três modelos podem, conjuntamente, reforçar e suportar um enorme padrão de decisões e comportamentos. Outras vezes, basta apenas um único modelo para suportar como éticas as decisões e comportamentos.
Cada um destes três modelos éticos apresenta diversas vantagens e desvantagens. A forma utilitária de ver as coisas é mais compatível com os objectivos de eficiência, produtividade e rentabilização dos lucros. Por seu lado, os modelos de justiça e direitos morais realçam os direitos individuais. Se os gestores lidarem exclusivamente com estes dois modelos, eles provavelmente serão menos inovadores, menos receptivos à mudança tecnológica, com menos vontade de arriscarem e menos eficientes. Os indivíduos que tentem alcançar as decisões ideiais em termos de ética, irão ter muita dificuldade, apesar da probabilidade aumentar quando estes três modelos são usados conjuntamente.


Por Paulo Nunes - Consultor de Empresas (pcnunes@sapo.pt)

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